CANTIGA DE CLARIDÃO
Camponês, planta o grão
No escuro – e nasce um clarão.
Quero chamar-te de irmão.
De noite, comendo o pão,
Sinto o gôsto dessa aurora
Que te déspota sa mão.
Fazes de sombras um facho
De luz para a multidão.
És um claro companheiro,
Mas vives na escuridão.
Quero chamar-te de irmão.
E enquanto não chega o dia
Em que o chão seja o reinado
Do trabalho e da alegría,
Cantando juntos, ergamos
A arma do amor em ação:
A rosa já se faz flama
No gume do coração.
Camponês, planta o grão
No escuro – e nasce um clarão.
Quero chamar-te de irmão.
Thiago de Mello (1926)
Keine Kommentare:
Kommentar veröffentlichen